terça-feira, outubro 31, 2006

Olhar...

Só agora pude entender o que foi aquele clarão.Era uma luz sem igual, mudando todas as cores, as perspectivas, mudando passos, tempos, caminhos, inundando tudo e fazendo do mundo um extremo vazio.Foi assim com a imensa pureza iluminada, os espectros antigos da mocidade, trazendo lentamente tudo aquilo que nunca existiu. Com um leve esboço de saudades, foi feito pelas mãos de Gaia, e nem eu, nem Vinícius, nem Cecília, nem Camões, nem mesmo a Grande Calíope conseguiria descrever tal esplendor. Se imaginar uma fonte de água, eles serão mais límpidos, se cogitar em uma estrela, eles serão mais obscuros, secretos. Todas as nuvens não são tão obliquas, todos os sonhos não serão tão frágeis, toda a vida não responde por isso. Se um fotógrafo tentar retrata-los, sua lente não captará a magia que se emaranha em cada verso. Todos os poetas do mundo ja viram, e deles nunca mais esqueceram. Quando o vento sopra levemente é possível lembra-los, imagina-los, mas não conseguimos enchergar. Por trás deles fica apenas a pureza d inocência. Não é tão jovem quanto uma árvore, nem tão jovem quanto a Terra. Quando Urano e Gaia nasceram, eles ja eram mais antigos. Mas possuem ainda o frescor da infância, trazido pela expressão cálida do último beijo. Quando tudo acabou, quando nada mais existir ainda assim teremos saudades daquele doce olhar. Essas palavras não definem aqueles olhos, nos seus sonhos mais profundos eles estão lá velando por você. E quando não tivermos mais estes olhos, quando nosso corpo for pedra e nossa alma, luz. Então poderemos mergulhar nesses olhos profundos como abismos e calmos como o tempo. São olhos tristes do futuro, quwe na esperança se fazem eternos. São os olhos da Morte, que tranquilamente navega no barco de Caronte, passando por brumas, deixando o Egeu. São os olhos que Perséfone não quis encarar, olhos que Euridíce fitou após o beijo da serpente. Olhos que nos velam, vivos, mortos, hoje e sempre...

Um comentário:

Josephine disse...

hey samy
gosto muito desses textos subjetivos! tenho medo por nós e nossa futura pretensa objetividade jornalística... mas muito bom mesmo!!!!
sou uma futura-veterana ausente, mas não esqueci do seu blog não viu! boa sorte, que os vestibas tão chegando!
bjus