sábado, outubro 07, 2006

Confessando um suicídio amoroso.

Devagar ela abre os braços, sua força é quase frágil, seu sorriso, singelo como se a vergonha lhe proibisse de tal ação.Um salão de sombras com pequenas luzes sem cor, tudo tão branco e preto, parece que a realidade toda está apenas em uma cena triste de tevê.Seus passos levemente deslizam sobre a madeira sem ruídos, sua pele é tão branca que a vida torna-se banal, dançando como as asas de uma borboleta, criando piruetas leves quase imóveis fazendo da morbidez a realidade tão deixada para trás.Aquilo era o passado...Tudo tão parado como uma cena feita na época das damas da lua.
Quando olhar para seus olhos tente ver a felicidade estampada na tristeza de seu olhar, em seu corpo vemos a coragem amedrontada de uma virgem, a antítese de tudo que é um só.Quando suas pernas, e suas coxas, e seus braços, e sua cintura, e seu pescoço entram em movimento tudo para. Seus cabelos longos, sedosos, cheirosos, cor de café, gosto de saudade tornando esse espetáculo tão longo quanto um segundo. Quisera eu um dia poder ter essa menina só para mim, em danças ternas, abraços eternos, flores em jardim.Mas o vento apressado me fez ver...
...Seus erros são inexistentes, afinal os acertos de uma bailarina são o que fazem dela a senhora de um palco.O fundo negro e eterno, espelhando-se apenas na forma incolor das lagrimas desse poeta que um dia tentou descrever os passos da bailarina, hoje, estática, estética, estralada, no chão ali onde a vida começa a ganhar cor, todo um desfile escarlate faz rubro o peito que um dia pulsou e hoje, divide espaço com a lamina que outrora transformou o passado dela em movimento e meu futuro em solidão.

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