sábado, dezembro 30, 2006

A gota na janela...

Tem dias que passo esperando o barulho da conversa e só ouço a chuva, que tamborila em minha janela...Meu cigarro vai se consumindo e minha alma está com saudades da época em que eu era apenas um menino, dos meus bolos de aniversário que hoje não são tão gostosos.Minha espera é algo inevitável...Minha vida sempre foi meio tranqüila e meus amigos sempre os mais especiais possíveis...Conheci muitas pessoas, vivi em busca de ser alguém e realizar meus sonhos, mas hj a vida está mórbida, eu não tenho mais sorrisos sempre, e quando penso em felicidade me vejo a frente da minha janela, vendo aquela pequena gota escorregando pelo vidro e a fumaça do cigarro embaçando a vista.
Ah...que saudades dos meus sonhos infantis, a espera dos meus aniversários e dos presentes, que hoje não são mais prioridades. Meus problemas não são grandes, mas são complexos como esta gota na janela...
Me sinto tão ínfimo como esta gota...meu cigarro acaba, a gota cai e a chuva não para, mas eu sei que tudo isso é efemero como este desabafo...

terça-feira, dezembro 05, 2006

Beijo...

Beijo...
Teus pés em sinal de servidão
Para te mostrares que não importa por onde andes
Meus lábios te acompanham...

Beijo...
Teu punhal e cálice
Para que tu vejas que tenho carinho por ti
Não importando se é guerra ou sacerdócio.

Beijo...
Teu ventre, gerador de grandes guerreiros
Criador de grandes mulheres
Minha origem e meu fim...

Beijo...
Teu peito nu, tua pele doce
que faz de mim teu semelhante
Que faz deste sentimento eterno.

Beijo...
Teu lábio, sopro de fogo da alma pura
Paixão impura, voz serena
Sinto teu poder e tua voz...

Beijo...
Tua Soberana testa nua
que traz consigo a Lua
e em teu peito o Sol.

Beijo...
Todo teu ser, tua forma, teu cantar
Não me esqueço dos gestos, sonhos, calores
Da vida que não para de girar...

quarta-feira, novembro 29, 2006

Panos...

Material feito de algodão
Nuvem capitalista, portuguesa no Brasil
Trouxe contigo toda sexualidade
Daquele povo pervertido, europeu, hostil!

Queria rasgar-lhe em pedaços
Fazer-lhe apenas pano de chão
É do céu, a nuvem cinza que esconde a beleza
Dos corpos nus, do coração...

O corpo de meu amor
cheio de panos que escondem
Cheio de sombras que impedem
meu olhar de sonhador

Ah! Como eu queria atear fogo
Em todo esse pano em excesso
Teu peito, teus cabelos, teu corpo
seriam admirados sempre!

Um dia eu hei de conseguir
ver além de tudo
Enxergar tua beleza
Debaixo deste teu "pano pele"!

terça-feira, novembro 21, 2006

Pó da humanidade...

Somos fagulhas em um cinzeiro
Apenas poeira que hoje é varrida
Somos do mundo, a ferida
e na vida, nada que escape a um bueiro

Somos da pureza, a ingenuidade
Da raiva, a indiferença
Vivemos pensando na humanidade
Que vive sua falta de crença

Sonho com um mundo diferente
Do meu quarto, da minha escola, dos meus livros
Mas viver não é algo decrescente
Um dia voarei acima dos tiros

Saber se conseguimos
É o mesmo que acreditar
Que conseguimos fugir da água
Mergulhados nesse mar

Nos afogamos neste profundo pires de idéias
E nem tomamos o café
A realidade que surge nas férias
Ser alguém que ninguem é...

terça-feira, outubro 31, 2006

Olhar...

Só agora pude entender o que foi aquele clarão.Era uma luz sem igual, mudando todas as cores, as perspectivas, mudando passos, tempos, caminhos, inundando tudo e fazendo do mundo um extremo vazio.Foi assim com a imensa pureza iluminada, os espectros antigos da mocidade, trazendo lentamente tudo aquilo que nunca existiu. Com um leve esboço de saudades, foi feito pelas mãos de Gaia, e nem eu, nem Vinícius, nem Cecília, nem Camões, nem mesmo a Grande Calíope conseguiria descrever tal esplendor. Se imaginar uma fonte de água, eles serão mais límpidos, se cogitar em uma estrela, eles serão mais obscuros, secretos. Todas as nuvens não são tão obliquas, todos os sonhos não serão tão frágeis, toda a vida não responde por isso. Se um fotógrafo tentar retrata-los, sua lente não captará a magia que se emaranha em cada verso. Todos os poetas do mundo ja viram, e deles nunca mais esqueceram. Quando o vento sopra levemente é possível lembra-los, imagina-los, mas não conseguimos enchergar. Por trás deles fica apenas a pureza d inocência. Não é tão jovem quanto uma árvore, nem tão jovem quanto a Terra. Quando Urano e Gaia nasceram, eles ja eram mais antigos. Mas possuem ainda o frescor da infância, trazido pela expressão cálida do último beijo. Quando tudo acabou, quando nada mais existir ainda assim teremos saudades daquele doce olhar. Essas palavras não definem aqueles olhos, nos seus sonhos mais profundos eles estão lá velando por você. E quando não tivermos mais estes olhos, quando nosso corpo for pedra e nossa alma, luz. Então poderemos mergulhar nesses olhos profundos como abismos e calmos como o tempo. São olhos tristes do futuro, quwe na esperança se fazem eternos. São os olhos da Morte, que tranquilamente navega no barco de Caronte, passando por brumas, deixando o Egeu. São os olhos que Perséfone não quis encarar, olhos que Euridíce fitou após o beijo da serpente. Olhos que nos velam, vivos, mortos, hoje e sempre...

quarta-feira, outubro 18, 2006

A uma escorpiana...

Foi com um beijo molhado do orvalho do amanhã que criei todos os meus sentimentos...
Sua boca tão doce e picante fez de mim algo que não sei e não sou...
Nunca tive medo do amanhã, viver intensamente para mim é algo certo...
Minha tristeza está em esperar este próximo beijo que nunca chegou...

Quando me procurares, leva contigo toda a saudade que um dia eu guardei...
Talvez me ache com a barba por fazer, sem sorriso no rosto, com os olhos molhados e tristes caminhando...
Quem sabe eu supero e você não me encontre, posso eu aparecer ao seu lado de repente, mais um amante, mais um amigo...
Sonhar nunca foi seu forte, viver é teu canto...
A ilusão sempre foi minha de acreditar que o amanhã ja passou...
Que as aves tristes ja pousaram...mas como disse...não passa de ilusão...
As asas dos anjos ainda fazem a brisa levar consigo o cheiro da terra molhada...tempos passam e não sei qual caminho percorrer, me encontrar?
Procure na bruma mais densa, na clareira mais profunda, no mais distante vale, onde todo o mar desemboca, lá fica minha casinha de saudades e lembranças...quando chegar lá e não me encontrar, não se preocupe, não fui eu quem sumi deste mundo...



quarta-feira, outubro 11, 2006

Gramática: Uma discordância pessoal!

A Língua Portuguesa chega ao Brasil no inicio do século XVI, com as grandes embarcações da potencia marítima portuguesa, e de daquela época até hoje, ela muda constantemente, tornando-se simples, perdendo às vezes alguns morfemas, prefixos e sendo abreviadas.Por ser uma “língua viva” ela vai sendo reescrita e assim criando duas línguas totalmente iguais e realmente opostas, a norma culta e a língua coloquial.
Na norma culta, a qual hoje tem utilidade na escrita e nas relações com superiores (as que exigem tal formalidade, como no tribunal ou em reuniões).Não se utiliza mais a linguagem formal para pedir o pãozinho, para tomar um café, e até mesmo nas salas de aula não vemos a utilização dessa “vertente” da língua, salvo apenas nossos queridos professores de gramática, valentes combatentes pela língua lusófona.
A linguagem coloquial está dominando não só o cotidiano como transformando a língua em uma variação que na realidade inexiste.Não se utiliza mais o trema, não se escreve mais o “você”, os verbos e as pessoas são todos colocados em outras flexões e concordâncias, criando uma silepse de linguagem.
O brasileiro transformou a língua, assim como fez com o futebol, com o carnaval e com a arte, hoje podemos dizer que a língua portuguesa está só na escrita dissertativa, nos velhos livros realistas e românticos (pois os modernistas iniciaram essa revolução lingüística), nos documentos e nos professores de gramática, que logo terão que mudar os conteúdos e as matérias, não se usa mais o “português correto”, pouco vemos da gramática correta na vida, e com essa revitalização e rotação da linguagem, hoje temos a Língua Brasileira, com seus sotaques gostosos, sua concordância que discorda totalmente da língua culta e seu povo sem nação!

sábado, outubro 07, 2006

Confessando um suicídio amoroso.

Devagar ela abre os braços, sua força é quase frágil, seu sorriso, singelo como se a vergonha lhe proibisse de tal ação.Um salão de sombras com pequenas luzes sem cor, tudo tão branco e preto, parece que a realidade toda está apenas em uma cena triste de tevê.Seus passos levemente deslizam sobre a madeira sem ruídos, sua pele é tão branca que a vida torna-se banal, dançando como as asas de uma borboleta, criando piruetas leves quase imóveis fazendo da morbidez a realidade tão deixada para trás.Aquilo era o passado...Tudo tão parado como uma cena feita na época das damas da lua.
Quando olhar para seus olhos tente ver a felicidade estampada na tristeza de seu olhar, em seu corpo vemos a coragem amedrontada de uma virgem, a antítese de tudo que é um só.Quando suas pernas, e suas coxas, e seus braços, e sua cintura, e seu pescoço entram em movimento tudo para. Seus cabelos longos, sedosos, cheirosos, cor de café, gosto de saudade tornando esse espetáculo tão longo quanto um segundo. Quisera eu um dia poder ter essa menina só para mim, em danças ternas, abraços eternos, flores em jardim.Mas o vento apressado me fez ver...
...Seus erros são inexistentes, afinal os acertos de uma bailarina são o que fazem dela a senhora de um palco.O fundo negro e eterno, espelhando-se apenas na forma incolor das lagrimas desse poeta que um dia tentou descrever os passos da bailarina, hoje, estática, estética, estralada, no chão ali onde a vida começa a ganhar cor, todo um desfile escarlate faz rubro o peito que um dia pulsou e hoje, divide espaço com a lamina que outrora transformou o passado dela em movimento e meu futuro em solidão.

sexta-feira, setembro 29, 2006

Contra o espelho!

Descobri o lado bom da vida que nossos problemas nunca são enormes, nós que criamos de uma adversidade um grande muro impenetrável.Quando queremos algo que não esta em nosso alcance devemos criar escadas com nossas habilidades, escalar esse muro mental e desenvolver artifícios que nos coloque dentro do mundo que queremos.Viver às vezes parece que é enfrentar o mundo, mas temos de enfrentar apenas nós mesmos depende apenas olhar para o espelho e dizer..."Já to cheio de problemas e você mandando assim?De repente esquece quem sou eu!"Procurar enfrentar defeitos e pessoas não é fácil, afinal não importa se temos amigos, namoro ou pais, o problema sempre surge e só o "eu" é capaz de enfrentar, se quiser isso é claro.Concordo que não é fácil, mas pensemos: Perder para nós mesmos é rídículo!Acreditar em si mesmo não é só provar para o mundo que se é bom, mas provar para o espelho que você decide tudo!Não existe destino, existe escolhas e conseqüencias, nós criamos nossa vida e nossos problemas, distrui-los é como pegar uma má idéia amassa-la e jogar fora porque não queremos seguir um caminho que nos leve ao fundo do poço.
Decisões são nossas armas, derruba-las e esperar a "vida" é um suicídio sem nenhuma eficácia, viver pode ser difícil, mas morrer sem lutar é covarde e até mesmo cruel...LUTAR algo que sempre preciso fazer e que ninguém fará se não eu mesmo!!!

sábado, setembro 23, 2006

Ao alcance das mãos!!!

É interessante para não dizer dramático o poder que o ser humano tem nas mãos, hoje conseguimos conhecer o universo assim como os homens do século XV esperavam conhecer o mar.Tudo que queremos está hoje ao alcance das mãos, todos os confortos e as curiosidades são sanadas, com um pouco de esforço e dinheiro o mundo se abre para que possamos realizar todos os sonhos e todas as vontades.Estranhamos ao ver o mundo assim tão frágil e nós tão pequenos e poderosos ao mesmo tempo.Começamos com pequenas regalias como conservar comida, esquentá-la e hoje que tiver dinheiro pode fazer uma breve viagem para o espaço.Que pena, a obscuridade poética da Lua durará pouco, afinal é poético aquilo que não conhecemos, como os nossos sentimentos...Logo teremos casa de campo na LUA!!!Será incrível que nossos netos brincarão de bola sem gravidade, poderão andar de bicicleta nas crateras lunares, namorar rescondido na face escura da Lua, e não poderão prometer mais a Lua, pois essa já será de alguém, talvez prometam Plutão...afinal agora é satélite também não?Essa nossa força é assustadora!!!Pena que não é muito real...

sábado, setembro 16, 2006

A REALIDADE DA POLÍTICA BRASILEIRA

O Brasil possui uma política frágil e bem inexperiente, seus governos são em suma confusos e as propostas de governo são promessas sem fundamento e ainda o pouco que eles começam lá pelo terceiro ano de mandato (as chamadas obras eleitoreiras) se não forem terminadas no prazo daquele governo, talvez não tenham fim.
Mas toda a formação política de um país não surge de duas ou três eleições, talvez esse seja o ponto em que a política brasileira mais peca.Desde o Marechal Deodoro da Fonseca onde se inicia a República e com ela a representação do povo brasileiro, é deste ponto em diante que percebemos a intenção de mudar o país, intenção que não é milagrosa, mas que inicia o processo de modificação da estrutura do Brasil.
Seguindo as diretrizes da História para que possamos entender e talvez até mudar essa realidade moldada com tempo, cultura e diretrizes que mantém o povo no papel de espectador.
Com o fim da monarquia de Dom Pedro II, inicia o direito do povo intervir nos caminhos da nação, mas é um inicio para poucos.Primeiro, o exército tentando mudar o país como se toda a força ganhada na Guerra do Paraguai torna-se o detentor de todo o poder, a justiça e a honra. Logo os mandatos de Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto, membros do “poderoso exército”, os “paladinos da política”, inicia a Oligarquia, mas ainda não é o povo quem governa e sim a elite, a poderosa aristocracia.
Durante um longo período, saindo dos fins de 1890 e indo até 1930, o poder da política estava na mão de três grandes massas (aristocracia paulista, aristocracia mineira e exército no tenentismo) que faziam do governo o que bem entendessem.Criaram muito do que existe hoje, como a Política dos Governadores “é dando que se recebe”(troca de favores entre os governantes), os subsídios agrícolas que fizeram os agricultores dependerem sempre do governo às vezes de forma parasítica e abusiva.
Depois veio Getúlio Donelles Vargas, com seu Estado Novo e as transformações que fazem parte da evolução trabalhista do país, passando o mandato a Jucelino Kubitchek, o qual revolucionou o Brasil com sua máquina do tempo(progresso de 50 anos em 5).Depois vem Jânio Quadros, talvez a comédia mais triste que o Brasil viu na política, depois veio João Goulart e vários outros que passaram anos e anos brincando não só com a política, a renda milionária, mas também com a vida e a dignidade dos brasileiros.
Nos últimos dez anos muito foi mudado, talvez até piorado, e quando alguém que sempre disse carregar a bandeira do povo, e seus sonhos de um mundo melhor diz nada ver, e apenas se interessa em se reeleger sentimos que o Governo aqui foi apenas uma brincadeira, e que até hoje continua sendo ridículo a escolha de seus governantes, não o voto, que é puro e crente de mudança, mas sim naqueles que se julgam aptos para tomar nas mãos os lemes do Brasil.

quinta-feira, setembro 14, 2006

Loucura


"Quando não aguentar mais ouvir os gritos de sua consciência tente ir em busca da felicidade.Mesmo que ela tenha sido colocada no topo da árvore mais alta, abra suas asas e alcance aquilo que procura."

terça-feira, setembro 12, 2006

Olhos

Olhos escuros como o céu
Sem restrições ou piedade
Vidas amargas frágeis
Tecido tão infiel
Deixando nú os ricos
Vestindo os pobres de miséria
Quisera eu poder realizar os sonhos das minhas amadas
Toda vida procurei fazer
Hoje...apenas por hoje quero descansar
Ter um momento para desistir de tudo e chorar a noite toda...
Quero ser feliz...mas a felicidade é tão vazia como a imaginação
Piedade...peço a vida...PIEDADE!

terça-feira, agosto 29, 2006

Caminhar

Passo a passo
Fixando manchas na areia
Que o vento deixou
Passo a passo

O relógio já parou
Dias em que o tempo não lembrou
Passo a passo
O tempo que passou

Quando eu era bem pequeno
Queria conhecer todo o mundo
Girar nele por um segundo
Passando por todos os lugares

Queria ler todos os livros
Saber das estrelas todos os nomes
Sonhar com novos amores
Conhecer o fundo do mar

Meu desejo era voar sem asas
Correr nos pensamentos
Ter certeza de meus sonhos
Não correr riscos

Mas o vento sempre me lembrou
Que se eu quiser tenho que buscar
Nada se consegue sem perseguir seus sonhos, sempre...
Passo a Passo!

sábado, agosto 19, 2006

Um cigarro aceso...

Fogo...
Barrulho...Fumaça...
Alívio de tanto estresse
Toda a tristeza e os pensamentos são esvasiados

Puxa, Fumaça...solta...
O prazer toma conta da mente
Esquece-se problemas, lugares nomes
O calor aumenta

Tudo vai com o cigarro
cada tragada é um pouco que a vida leva de tristeza
Respira...tosse, fumaça
E a vida se esvai e a morte vai chegando

Traga, cai, se perde
A ultima fagulha se apaga
Do prazer a ultima lembraça
Do cigarro apenas o filtro cheio de lembranças previamente esquecidas...

quarta-feira, agosto 09, 2006

Uma chance para um menino em Israel...

Hoje quando olhei para o céu disse para minha mãe: -Olha mamãe é uma estrela cadente – e ela com um sorriso e muitas lágrimas disse: Está não realiza pedidos, apenas destrói chances.
Fiquei muito triste porque eu queria fazer um pedido, queria que meus medos sumissem, mas então, ouço um grito e muito choro, vozes, vórtices, mortes.Até hoje não entendi porque se chora tanto quando as pessoas estão dormindo.Lembro de quando minha avó foi dormir, quando fui dar tchau para ela vi aquele mar de flores e tive certeza, o lugar dela era ali no meio do jardim, ela sempre disse que gostava de flores.Mas todos choravam, e eu não, minha avó está apenas dormindo, ela devia estar muito cansada, afinal ela vivia no hospital com uns olhos escuros que faziam um túnel dentro da vida, lembro dos olhos da minha avó, ela disse que são olhos de quem já viveu um pouco e enfrentou muitos medos, eu queria pedir para aquela estrela que eu pudesse vencer todos meus medos, e quando não a vi mais no céu, ouvi um barulho tão grande que pensei que a estrela tinha feito da Terra uma rosquinha, com um buraco fundo como os olhos de minha avó.
Mamãe começou a chorar, disse que tinha medo dos barulhos que essas estrelas faziam, tinha medo de muita coisa a mamãe, e como papai havia ficado em casa, conversando com um moço que segurava um cano nas mãos, enquanto papai dizia: -Dê uma chance, por favor, para ele uma chance, é tão novo.Tive então que confortar mamãe, disse para ela que ficasse tranqüila que eu protegeria ela, e que ela não precisava ter medo das estrelas quem mandou elas foi Papai do céu que gosta de estrelas como eu.Mamãe sorriu e não disse mais nada, estava pensando, gosto quando mamãe pensa.
Seus olhos ficam fundos como os da vovó e ela fica corajosa, decidiu ir lá fora.Estávamos em um buraquinho na estrada, mamãe disse que estávamos brincando de pique-esconde lá e ninguém podia nos ver, ela disse também que papai foi pego e foi dormir, porque a brincadeira cansa,chorava bastante. – Mamãe, papai só foi dormir, logo logo ele vem continuar a brincadeira, acho que ela não me entendeu, porque não parou de chorar. Levantou e foi ver lá fora se o moço que pegou papai estava perto. De repente ouvi um barulho e mamãe caiu no chão, era de noite e eu estava com muito sono, ela veio engatinhando, me deu um beijo quente, estava sangrando, disse que tinha feito um corte pequeno e que ia dormi. Também quis dormir, ela me abraçou e soluçou, me deu um beijo e eu dormi tão bem, adoro quando a mamãe dorme comigo.
-Mamãe, mamãe acorda, mamãe já amanheceu, vem vamos ver se o papai acordou, talvez a vovó tenha acordado com tantas estrelas que caíram e fizeram barulho, mamãe tem um moço aqui.Mamãe vem ele estendeu a mão disse para a gente se entregar, acho que a brincadeira acabou.Mamãe, mamãe...eu não quero ir sem você, vem, vem comigo que eu vou te colocar na cama, eu canto pra você dormir, vem mamãe! Eu vou cantar pra você, mamãe...MAMÂE!(chorando).Boi, boi, boi, boi da cara preta pega esse menino que tem medo de careta...Mamãe canta comigo.Vai...
Até o soldado chorou...

sábado, agosto 05, 2006

Nuvens...

Nuvens...

São tão sólidas como meus sonhos, um dia deixado para traz para enfrentar a realidade que o futuro esqueceu.Nossa vida um dia será como o céu, assim metamorfaseante fazendo as estrelas dos nossos desejos sumindo, e só as nuvens lá estarão...
Sombras que vagam pela Terra, enchendo de manchas o rosto de Gaia.Quanto tempo demora para o Sol abrir sua face? e a Lua será que ela brilhará e nos dará saudade dos medos infantis.Queria fazer diferente, sonhar mais alto e saber o que é a vida, mas o tempo não para e eu naum sei que caminho seguir.
Podemos tentar escrever, fazer do mundo um lugar melhor, a vida são páginas em branco manchadas das nuvens difíceis de dissipar.Agora nem que todas as canetas do mundo escrevessem eu teria coragem de acreditar...Meu medo não dissipa e as estrelas, estáticas nem querem mais brilhar.
Como viverei sabendo que meus desejos não são palpáveis e que as tristezas não são impossiveis...
Tum tum tum tum tum tum tum tum tum tum tum tum tum tum tum tum tum tum tum tum...
parou o desejo, a vida e a verdade...
Parou o coração...
Linhas do Tempo


São tênues os fios que passam
São longas as linhas que embaranharam
É triste como uma é o todo
E todas são linhas de um emaranhado

Somos filhos de um mesmo elemento
Vivemos com um mesmo desejo
Queremos um mesmo querer
Sonhamos que sabemos viver

E onde se cruzam as linhas
Talvez em mão de cigana
ou em tapete grego

Medo, dos mesmos todos são pegos
E ninguém realmente engana
As linhas que se cruzam, mas seguem sozinhas...

sexta-feira, agosto 04, 2006

Vida...

Brilham as formas internas


Olhar perdido em minhas mãos
Cheiro de água barrenta
Gosto de terra em minhas mãos...

As vozes cheiram sangue
Os ventos perdidos na escuridão
Em um tempo ouviu-se um choro
e hoje encontramos o caixão

Temporal feito de sorrisos, mágoas e paixão
Vendaval que leva alegrias, anseios coragem
Deixando o vazio e a solidão
Tormentas que foram esquecidas em futuras ocasiões...

Quando o coração bate no peito, quando o tempo é só uma respiração
Encontre entre as verdades as lagrimas de sangue
Os medos do errar desta canção
Talvez me lamente de fugir desta fonte...

Tempos que são como a água deste rio da vida
turvo, poluído, escuro
sem rumo
só vida que passa...